Sunday, October 27, 2013

Festa 2


Espero que vocês tenham lido o post anterior sobre a minha festa de 50 anos. Não dá para falar de todos os amigos que estiveram por lá. Então, no estilo do apresentador francês Laurent Ruquier, vou falar de quem não foi.

Políticos ilustres foram convidados.

- O prefeito Fernando Haddad disse que viria de ônibus para dar exemplo. Bem, esperamos ele até às 4 da manhã.
- O governador Geraldo Alckmin condicionou a sua vinda à inclusão de picolé de chuchu entre as sobremesas, mas o chef disse que não dava mais tempo para mudar o cardápio.
- A Dilma Roussef, sempre que passa por São Paulo, visita o Lula. Ela prometeu que, assim que o Lula bebesse a última dose de whisky, viria para a festa. Também não chegou.

Convidei os presidenciáveis.

- Aécio Neves perguntou se iria rolar um pó. Eu disse que não, pois era festa família. Ele declinou.
- Marina Silva condicionou a sua vinda à celebração de um culto evangélico lá pelas 23:30 horas. Tive que negar, pois essa era a hora do "parabéns a você".
- José Serra não veio por que estava em transe com a ascensão do Palmeiras.
- Pedi para convidarem o Eduardo Campos, mas os organizadores da festa não sabiam de quem se tratava.

Algumas celebridades foram convidadas.

- Chamei o Eike Batista. Infelizmente, ele estava sem dinheiro para comprar a passagem para São Paulo. Alguns convidados sugeriram que parte dos donativos arrecadados fosse remetida ao ex-bilionário. Finalmente, um convidado muito querido fez uma proposta melhor: mandar só os alimentos vencidos ;-)



Foto: Regina Pistelli e José Padilha anunciam a ação solidária mencionada no post anterior. (Fotógrafa Tahia Macluf - Foto A2)

Festa 1


Celebrei meus 50 anos neste sábado. Pedi aos amigos que dispensassem presentes e trouxessem alimentos não perecíveis. O saldo da noite foi de 8 caixas de donativos, que serão entregues a um asilo.

A ideia de substituir presentes por doações tem dois aspectos. O primeiro é a promoção da filantropia, que dispensa comentários. O segundo é uma mensagem para se evitar o desperdício, o acúmulo excessivo de bens pouco úteis e o consumismo. A combinação dos dois é uma ação pela sustentabilidade.

Inspirados pelo meu convite, um grupo de executivos de TI fez uma ação solidária numa região muito carente da periferia de São Paulo.

Nosso amigo Jenner Lopes estava engajado em ações de apoio à Comunidade Fazendinha, Zona Norte de São Paulo. Ele e outros voluntários ajudaram a realocar uma família que morava em condições absolutamente precárias. Para piorar um dos filhos da D.Neilda é autista, exigindo cuidados especiais. A solução foi encontrar um terreno e construir uma casa para esta família.

Para felicidade de todos, o dinheiro dos voluntários acabou na época em que o grupo de executivos de TI procurava um projeto de solidariedade para encampar. Graças a essa ajuda, a nova casa está pronta e devidamente equipada.

Fiquei muito honrado com a iniciativa do grupo e a adesão de inúmeros outros participantes. Tenho quase certeza de que esse movimento não para mais.


Obrigado a todos que me cumprimentaram pessoalmente e virtualmente!  Obrigado a todos que se juntaram a essa ação solidária!



Foto: O bolo do cinquentão (Fotógrafa Tahia Macluf - Foto A2)

Tuesday, October 22, 2013

Mané

Nossas caixas de entrada recebem cada vez mais mensagens com armadilhas. Até mesmo pessoas cautelosas já caíram em algumas ciladas. O castigo vai desde a entrada de um vírus até um desfalque considerável.

Acompanho a evolução da criminalidade digital há algum tempo, mas não tenho evidências concretas da eficácia de cada tipo de golpe aplicado na praça. Na última semana, um episódio matou minha curiosidade.

Recebi uma mensagem do Serge, um colega francês aposentado. Gente boníssima! Como não falava com ele há tempos, foi uma surpresa agradável. A mensagem era bem curta e terminava sugerindo que ele passava por dificuldades. Respondi de imediato, pedindo mais detalhes.

Minutos depois, ele respondeu com uma história horrível. Foi sequestrado durante uma visita ao Marrocos, sofreu violências junto com sua esposa e perdeu tudo o que tinha com ele. Deu detalhes da violência física e sexual imposta ao casal. Finalmente, pedia algum dinheiro para se organizar e voltar para França.

Aí você pergunta: Alguém cai num conto desses?

Vamos aos fatos. A conta G-Mail do Serge foi violada. Os invasores enviaram a mesma mensagem que recebi para todos seus 300 contatos. Três pessoas acreditaram e transferiram um total de 11 mil euros para os escroques. Pois é, 3 em 300, um índice de 1%.

Os três caras são uns manés? Não necessariamente. As mensagens estavam escritas em bom francês. Havia alguns indícios, mas nem todos estão cientes dos riscos. Nessas horas, a melhor coisa a fazer é checar com amigos comuns.

 O Serge é tão correto, que está reembolsando parte das perdas dos seus amigos, enquanto aciona os meios oficiais.



Lendo um artigo recente, aprendi mais uma. Vocês já devem ter recebido aquelas mensagens de alguém com uma herança a receber num país exótico, que pede um valor adiantado para acelerar a papelada. Se ajudar um "amigo" parece improvável, imaginem um ilustre desconhecido!

Até pouco tempo, esse tipo de golpe era usado apenas para surrupiar o dinheiro alheio. No entanto, há um número crescente de casos em que os bandidos realmente depositam parte do montante prometido. Pois eles não querem roubar, eles querem um "laranja" para esquentar o dinheiro. A vítima não perde nada, mas terá o ônus de provar que não faz parte da gangue.

Pior do que perder 1000 dólares é passar o resto da vida na cadeia. Isso sim é ser MANÉ!



Foto: Mais uma tomada do centro de Gante.

Sunday, October 20, 2013

2014


No meio político, a grande dúvida é se a Dilma será reeleita no primeiro ou no segundo turno. Parece inacreditável. Há poucos meses, as massas invadiam as ruas e acenavam para um futuro diferente.

As manifestações foram habilmente esvaziadas. A infiltração orquestrada de baderneiros assustou aqueles que se manifestavam legitimamente. Além disso, o "mico" passou para os governos estaduais de São Paulo e do Rio, criticados quando reprimem e quando não reprimem.

O programa Mais Médicos foi uma cartada genial. Quase escrevi um post sobre o assunto, mas preferi esperar pela opinião dos especialistas.  Podemos criticar os métodos e a forma do governo impor o programa, mas não a sua lógica.

Além de fazer sentido sob o prisma sócio-econômico, é uma ação política decisiva, capaz de consolidar a vitória da Dilma e ainda ameaçar os últimos bastiões tucanos. Resta à oposição o medíocre papel de ficar denunciando médicos argentinos e cubanos que cometam deslizes. Algo que começa a aparecer nas redes sociais, mas é estatisticamente irrelevante.

Num país tão desigual, um governo populista sempre poderá achar uma cartada para virar o jogo e ganhar mais quatro anos de poder. E temos que admitir que não foi este governo que criou um dos países mais desiguais do mundo.

A questão é onde parar. De cartada em cartada, o Brasil vai definhando. O desempenho do país na era Dilma não é mais o mesmo. Graças a contínua deterioração dos indicadores, nossos 15 minutos de fama já acabaram. Estamos andando para trás.

Se serve de consolo, falta um ano para as eleições. É bem verdade que os rivais da Dilma são umas mulas, tão ruins quanto ela, mas, em um ano, muita coisa pode acontecer. Afinal, nosso país é regido pela antiga máxima: "o Brasil cresce enquanto os políticos dormem".


Foto: Mudando de Bruges para Gante, ainda na Bélgica.

Sunday, October 13, 2013

Le cirque des ténèbres

Dizem que a série A do campeonato brasileiro de futebol está muito equilibrada ou nivelada por baixo. Eu digo que a atual classificação é a cara do Brasil! Nada mais coerente com a nossa realidade social, política e econômica.

Os quatro times a serem rebaixados são nossos miseráveis. Os demais 12 times, que ainda não descartam a possibilidade de rebaixamento, são aqueles que saíram do status de pobreza absoluta graças aos programas sociais, mas ainda estão longe de ser uma classe média de verdade. O Cruzeiro, isolado lá na frente, representa a nossa elite, a classe A mais um bom pedaço da classe B.

Os clubes agem com a mesma ética dos nossos partidos. Preparam as desculpas para um eventual rebaixamento, começam a buscar bodes expiatórios. Culpam a tabela, o campeonato, o calendário gregoriano, a semana de 7 dias e assim por diante.

Um grande clube paulistano fala de cansaço. Eu entenderia se o Cruzeiro alegasse cansaço, mas quem namora o rebaixamento desde o início do campeonato não tem a menor condição moral de fazê-lo.

Muitos criticam a falta de planejamento. A fórmula de 20 times cruzando-se em dois turnos é universal. Sabemos de antemão todos os 38 jogos e as suas datas. O que mais querem? Combinar os resultados?

O problema do futebol é o problema do Brasil: incompetência e corrupção. Não há fórmula que resista a esses dois males.

Não ligo se meu time for rebaixado e nem se o Brasil não for campeão em 2014. Porém, não posso concordar com a CBF, quando diz que o futebol não depende do governo. É uma piada de mau gosto diante dos gastos com a Copa do Mundo.

Além de tudo, as transações de jogadores são fraudes explícitas ao Fisco e quase ninguém nesse mundo paga os mesmos 27,5% (teto) que são descontados implacavelmente do meu e dos seus salários.

Nosso circo preferido está ficando muito caro!



Foto: Ainda em Bruges, nas proximidades do "begijnhof" local, uma espécie de condomínio de beatas. Talvez, elas ainda acreditem na seriedade dos clubes de futebol.

Saturday, October 5, 2013

Rush


O cinema não aparece neste blog desde abril. Confesso que assisti dezenas de filmes desde então. Cruzei com algumas boas ideias, mas nada genial. O único filme que me surpreendeu explora um dos temas mais difíceis para se fazer um ótimo filme, o mundo do automobilismo.

Adorei Rush de Ron Howard. Bem, pelo diretor, podemos presumir que não seria um filme para simplesmente misturar-se carros, mulheres e muito barulho. O filme relata o duelo entre Niki Lauda (Ferrari) e James Hunt (McLaren) em 1976, uma época em que a Fórmula 1 era muito diferente. Talvez, uma simples confraria de ingleses amantes da velocidade. Nos anos seguintes, uma banho de profissionalismo, dinheiro e tecnologia - não necessariamente nessa ordem - mudaria a cara da F1 para sempre.

O contraste entre o calculista Lauda e o boêmio Hunt pode parecer caricatural, mas todos os testemunhos confirmam os estereótipos. Hoje em dia, a F1 não tem mais espaço para rebeldes românticos como Hunt, privilegiando cordeirinhos fiéis aos grandes patrões do mundo dos automóveis.

Gostei de Rush por que já acompanhava a F1 em 1976. E não era meu primeiro ano de espectador! Nos anos 70, a transmissão por satélite falhava. Ver uma corrida de ponta a ponta sem interrupções era raro. Acho que essa precariedade tecnológica acabava valorizando ainda mais aqueles momentos.

Naquele 1976, o Emerson nos deixou tristes e esperançosos ao mesmo tempo. Tristes por que ele havia  abandonado a ótima equipe McLaren e a chance de um tri. Esperançosos com o primeiro carro nacional, o Copersucar Fittipaldi. Foi justamente a decisão de Emerson que abriu espaço para a entrada de James Hunt na McLaren. No filme, Teddy Mayer, antecessor de Ron Dennis, recorre ao piloto brasileiro carinhosamente como Fuckingpaldi.

Enfim, para mim, é pura nostalgia. O filme é muito bem feito. As cenas de corrida são realistas e os atores estão bem nos seus papeis. Dá para sentir saudades da F1 de antigamente, a menos, é claro, dos acidentes, mais frequentes e mais graves. Esse tema é bem explorado em Rush, graças ao famoso acidente de Lauda. Mas, há controvérsias. Como disse o grande filósofo e antropólogo Nélson Piquet, a gente só assiste corridas para ver os carros baterem :(


Foto: Novas fotos de Bruges, tiradas há uma semana. Tempo bom por lá, muita sorte!