Sunday, October 25, 2015

Estrelas

O mistério da estrela KIC 8462852 é notícia. Como os cientistas não conseguem interpretar os sinais vindos do astro situado a 1480 anos-luz da Terra, entra em cena a hipótese alienígena. No caso, imagina-se uma gigantesca estrutura envolvendo a estrela para absorver a sua energia. Só uma civilização muito avançada poderia construir um aparato desse porte.

Obviamente, trata-se de uma hipótese. Encontrar inteligência fora da Terra não me choca. Pelo contrário, tem sido muito difícil encontrar  inteligência por aqui. Duro mesmo é acreditar na existência de uma estrutura desse tamanho.

Existe algo ainda não foi explorado nos artigos que li. Caso essa hipotética mega-estrutura fosse real, falamos de algo que existiu 1480 anos atrás, pois os sinais da estrela levaram esse tempo para chegar até nós.

Analogamente, se um ET de um planeta do sistema KIC 8462852 estivesse olhando para a Terra nesse momento, observaria a Europa num cenário de guerra  e fome.  Seria o mundo do ano 535, repleto de disputas entre os povos que ocuparam as antigas fronteiras do Império Romano. Já a fome teria sido provavelmente causada por um vulcão, que espalhou cinzas sobre o planeta, afetando o clima e prejudicando a atividade agrícola.

Voltando aos aliens. Se uma civilização pudesse construir uma estrutura dessas há 1500 anos, fica difícil de imaginar onde estariam hoje. Se não provocaram a sua auto-destruição, poderiam aparecer por aqui a qualquer momento!

Piadas à parte, a confirmação de vida inteligente fora da Terra talvez fosse positiva. Traria um certo pânico no começo,  mas poderia despertar um sentimento de irmandade entre os povos. A existência de uma ameaça comum, a possível união em torno de um grande projeto espacial ou até mesmo o enfraquecimento das doutrinas teológicas que não ajudam em nada na paz entre os homens estão entre os argumentos.

Enfim, foi apenas uma reflexão influenciada pela chegada de mais um episódio de Star Wars.



Foto: Fechando a série de fotos na Provence em julho último, Isle-sur-la-Sorgue a 40 graus.

Sunday, October 11, 2015

Popular e ladrão

O hotel vizinho nem é tão caro, mas é classudo. Seu edifício suntuoso é o endereço preferido dos dirigentes estrangeiros em Bruxelas. Sempre que ando pela Avenue Louise e passo por ele, dou uma olhada para ver qual é a celebridade do momento.

Apesar das longas comitivas, dos jornalistas e curiosos, não há muito barulho. Até mesmo a Dilma não chamou a atenção. Pensei num panelaço solo, mas nossos horários não coincidiram.

Há alguns dias, presenciei uma exceção. A frente do hotel estava repleta de gente. Havia farta distribuição de balões vermelhos e brancos. A charmosa Avenue Louise e a Place Stéphanie foram ocupadas. Até o trânsito de bondes e carros foi  interrompido pela multidão. Quem poderia quebrar a tranquilidade do nosso cantinho? Quem seria tão poderoso?

Tais dúvidas pairavam na cabeça da minha esposa. Estava ao seu lado e pude esclarecer. Disse que o Erdogan, o presidente turco, estava na cidade. Ainda acrescentei : “Ele é o Lula da Turquia, popular e ladrão”.

Para comparar o Brasil e a Turquia, melhor ler a crônica do Guga Chacra. A presença do Erdogan em Bruxelas é importante, pois trata-se de um ator chave numa região tão desestabilizada: refugiados, Síria, curdos, Estado Islâmico, etc. Tudo passa pela Turquia.

Juntar o fã clube para o presidente não foi difícil. A comunidade turca na cidade é muito grande. Assim como acontece no Brasil, encontrar algumas centenas de admiradores de um líder populista é fácil. Não precisa nem pagar.

Dias depois, estive num evento de informática europeu. A maioria dos participantes era do Reino Unido, mas havia uns gatos pingados de outros países. Tive oportunidade de conversar com um executivo turco.

Nem falamos de informática. Já cheguei dizendo que encontrei o Erdogan ao lado de casa.  Ele emendou com as novidades de Istambul. Tudo que ele contou parecia exatamente com a história recente do Brasil, tomado pela gangue do PT.

Preferia ter encerrado a nossa conversa com um tom mais positivo, mas não pude. Contei as coisas que estavam acontecendo no Brasil. Pelo menos ele apreciou a minha sinceridade.


Foto: Ainda na Abadia de Sénanque, a turista curtindo a paisagem. Além do visual, o aroma da lavanda.

Sunday, October 4, 2015

Rugby 2015

A última vez que comentei sobre rugby foi na Copa do Mundo de 2011. Quatro anos depois, estamos chegando às quartas de final da Copa de 2015, organizada pela Inglaterra.

Uma das maiores surpresas deste torneio aconteceu ontem à noite, quando a Inglaterra foi eliminada ainda na fase classificatória. Segundo a imprensa francesa, uma “humilhação histórica”. No grupo mais forte, ela acumulou duas derrotas, para Austrália e País de Gales. A Inglaterra no rugby é a mesma Inglaterra do futebol. Inventou o esporte, tem tradição, mas...

Enquanto escrevo este post, a Argentina, que constrói uma tradição no esporte, garante sua passagem para a próxima fase. Já o Japão protagonizou uma das maiores zebras da Copa, ao vencer a tradicionalíssima África do Sul. Muito provavelmente, fica fora da próxima fase. O Japão do rugby é o mesmo Japão do futebol!

O rugby tem ganho muita popularidade na Europa. Nos países participantes da competição, a cobertura midiática não perde para a Copa da FIFA. Na França, atual vice-campeã, o esporte tem a mesma atenção do que o futebol em época de Copa, páginas e mais páginas dos jornais e muito tempo de TV. Já na Bélgica, sem grande tradição no rugby, fala-se muito pouco sobre o assunto.

O futebol  talvez tenha o fardo de ser o mais popular does esportes. Com tamanha visibilidade e tanto dinheiro envolvido, seus dirigentes sucumbem facilmente às tentações. Michel Platini, visto como a esperança para endireitar o futebol, está mais perto da cadeia do que da presidência da FIFA. Definitivamente, a gestão do rugby não é a mesma do futebol.


Foto: O campinho de lavanda mais famoso da França, junto à Abadia de Sénanque, neste verão.